— Eu devo ser mesmo algum tipo de imbecil azarado... — Foi sua mais sábia conclusão ao se deparar com a situação deprimente na qual se encontrava e que, mesmo contra vontade, já estava durando dias.
A escuridão do recinto dilatou suas pupilas, regressando as retinas e as íris em cor mel — bem provocativas, pela perspectiva de alguns — quando, graças ao barulho, ele foi forçado a sair do seu devaneio que já batia seu record, durando cinco minutos, e voltar à realidade precária.
O ruim, na realidade, não era estar ali, dividindo o espaço de cela com mais três brutamontes que tinham o dobro de seu atual físico, e sim raciocinar sobre como fora parar ali, para começo de conversa. Passara os dias que se seguiram tentando não pensar no ocorrido. A tarefa se tornou impossível quando, sentando e tentando relaxar o máximo que fosse possível, foi forçado a ouvir os gritos ora de frustração ora de entusiasmo dos outros presos, agarrados nas barras de metal que lhes restringiam da liberdade, que tentavam assistir ao que, pelo que seu tédio e falta de interesse sugeriram, deveria ser algum jogo de futebol.
Conseguiu, por fim, resumir sua vida em uma única palavra: maldição.
Passar alguns dias na cadeia não era tão ruim, afinal. É claro que você deveria esquecer-se das baratas, dos ratos, da comida ruim, das ameaças, das gangues dentro da prisão e... Ok, certo, estar preso era uma droga. Pelo menos, ele pensava, dos valentões conseguia escapar com maior facilidade, já que em luta ele se garantia — ao contrário dos outros, que só tinham a força física sem nenhum tipo de técnica. Ninguém naquele lugar era louco o bastante para comprar briga com ele já que, comicamente, fora ele mesmo que mandara metade dos detentos àquele destino cruel onde se assemelhavam a animais, brigando apenas para ouvir ao jogo que o carcereiro degustava nas sextas-feiras. Sendo assim, Leonhard tinha os seus dias em paz. Ou, pelo menos, o máximo de paz que suas preocupações conseguiam lhe dar.
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