A moça loira na tela de TV caminhava com apreensão exagerada por um estreito corredor fracamente iluminado. À sua frente a porta entreaberta de um quarto que prometia, junto de uma sinistra música de volume crescente, presentear o espectador com uma revelação ou um grande susto. Mas antes que a cena fosse concluída a imagem da velha TV desapareceu, mostrando no lugar o reflexo de um jovem frustrado.
Um latido ecoou em algum lugar.
Jackson xingou baixinho e, sem se levantar do sofá, esticou o braço esquerdo preguiçosamente, tateando a parede até encontrar o interruptor de luz. Apertou o botão e nada aconteceu.
— Faltou luz de novo? — disse a si mesmo, dando um longo e tedioso suspiro em seguida, voltando a encarar o próprio reflexo fracamente discernível no televisor.
Encarou a si mesmo, os cabelos escuros desgrenhados e os olhos que mais pareciam dois pequenos buracos negros num rosto redondo e pálido, e então se deu conta do inevitável: O filme não o estava agradando mesmo, era apenas uma tentativa de fuga, de distrair seus próprios pensamentos, e aquela queda de energia era como se a vida estivesse lhe dizendo que não adiantava tentar escapar, a realidade o alcançaria mais cedo ou mais tarde. Afinal, ele a havia perdido, sabia disso. Por mais que tivesse lutado para mostrar o quando a amava e o quanto estava disposto a ceder e sofre por ela, nada adiantou.
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