Perdi minha mãe ainda muito nova. Fui criada pelo meu pai que me deu todo amor que eu poderia precisar com uma dose extra de proteção. Tive uma infância muito feliz com ele. Posso afirmar que tive o melhor pai do mundo, exceto pelo fato de que ele, Dr. Alberto era racista. Um advogado criminal que adorava defender os brancos, por mais culpados que eles fossem e faria de tudo para colocar um negro atrás das grandes, por mais que provasse sua inocência.
Cresci ouvindo que foi um encardido que matou minha mãe. Ah sim, ele adorava dizer que negros eram encardidos. Que tinham aquela cor porque eram porcos, não tomavam banho e eram todos, sem exceção, bandidos, assassinos e traficantes de tudo que se podia traficar. Por questões legais ele disfarçava seu preconceito, mas quando podia, não perdia a oportunidade de massacrar verbalmente qualquer pessoa que tivesse o tom de pele mais escuro.
Eu já tentei, inúmeras vezes, argumentar que ele estava errado, não podia generalizar, que também haviam brancos bandidos e assassinos e tudo que ele dizia sobre os negros era equivocado, mas meu pai passava horas, se deixasse, falando seu discurso racista com o peito estufado e cheio de verdade na voz.
Por isso, toda vez que ele começava a falar, eu saía de perto.
- Você vai se formar em direito, minha filha! Vai dar continuidade ao trabalho do seu pai! - falava com orgulho.
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